quinta-feira, 28 de junho de 2012

Capítulo 7 – O Retorno (parte 2)

E finalmente, minha caçulinha se tornou uma jovem adulta.
Uma vez adulta, o internato mandou Júlia de volta para casa e foi na sua roupa de formatura que ela voltou para casa.
Júlia mudou muito na escola Paz e Amor, ela voltou de lá com o traço ecológico.
Portanto, nem pensar em pegar um taxi. Júlia agora só anda de bicicleta. Carro só se mais de duas pessoas forem para o mesmo local.
Vocês vão descobrir com o tempo outros traços de sua personalidade que a fazem tão diferente da sua irmã.
Júlia chegou tarde da noite em casa. Todos estavam dormindo com excessão de Pablo que havia sido convidado para uma festa na casa de Laura.
Ao chegar em casa, Júlia foi recebida por uma feroz Dakota.
_ Auauauauauauauauauauaua!!!!!

A primeira reação de Júlia foi de susto, ela não sabia da existência de Dakota. Em seguida, ela tentou acalmá-la:
_ Ei cachorrinha! Eu sou a Júlia, eu moro aqui, ou costumava morar aqui, caso você não tenha sido avisada.
Mas, Dakota não parecia nem um pouco convencida pelo discurso de Júlia.

Por um momento, Júlia ficou com medo que Dakota a mordesse de tão feroz que eram seus latidos.
E por incrivél que pareça os latidos de Dakota não despertaram Paulette e Sabrina (ambas com o traço de sono pesado). 
Depois de um tempo Júlia conseguiu fugir dos latidos de Dakota se trancafiando em seu quarto.
Ao olhar, seu quarto, Júlia sentiu uma pontada de nostalgia.
Tudo estava exatamente igual ao dia que ela partiu Sabrina não havia mudado nada no quarto, o que surpreendeu Júlia. Ela imagina que Sabrina teria se apropriado do quarto e mudado toda a decoração, mas por incrivél que pareça nada tinha mudado.
Júlia ficou feliz de estar em casa, realmente no seu lar.
Júlia deitou-se evitando fazer barulho para não acordar Sabrina, não que isto fosse preciso, pois Sabrina não acorda nem com reza brava.
Na manhã seguinte, a primeira a acordar foi Paulette, que seguiu sua rotina diária sem imaginar que sua caçulinha estava de volta ao lar.
Paulette sentia muita saudades de Júlia e aguardava com ansiedade seu retorno, o colégio havia ligado na véspera avisando que Júlia deveria ser mandada para casa em breve, mas Paulette nem sonhava que em breve seria no dia mesmo.
Júlia foi acordada por uma Sabrina eufórica.
_ Bem... bem... bem... quem é esta estranha que ousa se apoderar da cama da minha irmã – disse Sabrina de brincadeira.

Júlia acordou sonolenta, afinal, ela tinha dormido em torno de 4 horas.
_ Nossa Bina. Precisava e acordar assim, eu estava sonhando tão gostoso.
_ E você acha que eu ia te deixar dormir. Até parece!!!! – disse Sabrina animada – porque você não me acordou a hora que você chegou? Quando você chegou? Como?
_ Ei, calma Bina! meu cérebro ainda está lento... E respondendo a tua pergunta. Mesmo que eu tivesse te chamado você não teria acordado, quer mais que aquela saco de pulgas que latiu feito uma doida e ninguém acordou.

Sabrina caiu na gargalhada.
_ Dakota?!?!?! Ela é totalmente inofensiva, late mais não mordem como dizem. – rsrsrsrsrs.
_Mas, eu levei um baita de um susto. Levou quase meia hora para eu conseguir chegar no quarto. Desde quando a gente tem um cachorro?!?!?!? – perguntou Júlia indignada.
_ Dakota foi idéia do Pablo, para ajudar mamãe a superar a morte de papai e sua partida. – disse Sabrina.
_ E deu certo?!?!?- perguntou Júlia, se sentindo culpada de causar a tristeza de sua mãe.
_ E como! Dakota e o fantasma de papai foram um santo remédio.
_ Fantasma?!?!?!?- peguntou uma Júlia incrédula.
_ É uma longa história, depois eu te conto. Você vai ver que muita coisa mudou por aqui. – disse Sabrina.
_ Não vi muitas mudanças não. Nosso quarto continua exatamente igual, pensei que com minha partida você fosse mudar toda a decoração e colocar uma cama de casal. – provocou Júlia.
_ Confesso que vontade não faltou. Mas, inicialmente mamãe foi contra e depois com a correria do dia-a-dia eu acabei deixando como está. E também a maior parte do tempo eu durmo na casa do César.
_ Uau!!!! Você e o Cesinha ainda estam juntos! Meu Deus vocês dois vão acabar casando deste jeito – brincou Júlia.
_ É a idéia – disse uma Sabrina sorridente.- Mas, agora vamos ver se a gente acha mamãe. Ela não via a hora de você chegar.
As duas se abraçaram.
_ É tão bom estar em casa Bina. Eu senti tanto tua falta. – disse Júlia.
_ Eu também. Espero que agora você vai parar um tempo por aqui. – provocou Sabrina.
_ Você não vai se livrar de mim tão fácil. – brincou Júlia.
Quando Paulette viu Júlia, elas se abraçaram fortemente. 
O coração de ambas batiam forte. A emoção do encontro era enorme e por um momento nenhuma das duas falou nada.
Júlia foi a primeira a falar:
_ Me desculpe, mamãe por ter sido uma filha ruim. Eu sinto muito por tê-la feito sofrer, eu... eu... eu...- disse uma Júlia com a voz carregada de emoção.
_ Júlia está tudo bem minha querida.
_ É só que... que... me desculpe, mamãe. Eu não agi por mal...
_ Eu sei, meu amor! Foram momentos difíceis com a morte do teu pai, o inicio da adolescencia. O importante é que você está de volta e que está tudo bem agora
_ É tão bom estar em casa, mamãe. Dormir na minha cama.

Foi então que Paulette notou que Júlia estava de pijama.
_ Você chegou quando?!?!? – perguntou Paulette incrédula.
_ Esta madrugada. – disse Júlia.
_ Esta madrugada?!?!? Mas, porque você não me acordou. A escola me ligou ontem dizendo que você chegaria na sexta, depois da sua festa de formatura.
_ Eu decidi não ficar para a festa. Eu estava com muitas saudades de casa. E eu cheguei era umas 4 horas da manhã, não quis acordar ninguém. E mesmo que eu quisesse vocês não teriam acordado, pois quer mais que os latidos da Dakota e ninguém acordou para ver o que era.
_ Oh!!!! Confesso que não escutei nada, ainda mais com os remédios que tomo para dormir. – disse Paulette. – Dakota deve ter te estranhado. Ela é um amor você vai ver.
_ Amor?!?!? Ela parecia querer me ver morta ontem a noite. Levei uma meia hora para passar por aquele cão de guarda.

As duas riam, felizes.
Júlia deu um presente para Paulette:
_ Eu te trouxe uma lembrancinha. Para me desculpar e agradecer tudo o que você fez por mim, mãe. – disse Júlia emocionada.
_ Não precisava minha filha. Onde já se viu gastar teu dinheiro comigo. – disse Paulette sem graça.
_ Você merece mãe. Além de que você vai ter que me aturar aqui em casa nos próximos anos. Pois, pretendo me instalar por aqui, rsrsrsrs.
_ Fique o tempo que for preciso. Esta casa não era a mesma sem você. – disse Paulette.
_ Ah, mãe! Estou tão feliz de estar de volta.
_ Eu também, meu amor!
Os três irmãos tomaram café juntos.
Júlia ficou sabendo de todas as fofocas: a história dos fantasmas, os romances do Pablo (não que ela já não soubesse, pois Tammy e ela sempre mantiveram contato por internet todo este tempo). E tudo que tinha acontecido na cidade durante se período no internato.
Mais tarde, Tammy veio encontrar Júlia em casa. Elas eram as melhores amigas uma da outra e elas estavam contente de se encontrarem e pessoa e não mais por Skype.
_ Oh, Ju. É tão bom ter você por perto de novo amiga.
_ Oh, Tammy! Eu também estou feliz de estar de volta.
Tammy também tinha se tornado uma jovem adulta na última semana.
_ Espero que você vá ficar na cidade por uns tempos agora.
_ Pode ficar tranquila Tammy. Amanhã mesmo vou começar a procurar um emprego no hospital por aqui.
_ Você pensa mesmo em seguir a carreira médica?
_ Com certeza amiga!
_ Oh, amiga! Quem sabe você descobre uma cura para meu coração.
_ Eu tenho o remédio já. – disse Júlia.
_ É mesmo!?!?!? E qual é? – disse Tammy meio abobada. Como assim sua amiga já tinha uma cura, seria ela um gênio da medicina.
_ A cura é você voltar com o Pablo. – disse Júlia.
_ Acho meio improvável. – disse Tammy com a voz triste.
_ Porque, amiga?!?!?
_ Você não viu a Laura. Ela é linda Ju. Parece até uma modelo, toda esbelta. Eu perto dela pareço um trapo com toda minha gordura.
_ Pare com isso amiga!!! Não quero te ver se depreciando desta forma. Confie em mim, você e meu irmão ainda vão se casar, pelo que eu pude perceber.
_ Como assim?!?!?!? – disse Tammy animada. – Teu irmão disse alguma coisa?
_ Não Tammy, mas confie em mim. Não te dou um mês para vocês estarem juntos novamente.
Tammy passou a tarde toda em casa com Júlia, elas colocaram o papo em dia e assistiram TV juntas.
Após a partida de Tammy, Júlia começou a procurar um emprego e enviou seu currículo para o hospital da cidade, onde ela havia nascido.


domingo, 24 de junho de 2012

Capítulo 6 – O Retorno

Como vocês sabem, «a morte não é o fim, mas o começo de uma nova vida».
Portanto, de vez em quando eu vinha dar uma voltinha em minha antiga casa. Verificar se todos da família iam bem...
Enfim, eu sempre fiz isto de modo mais discreto possível. Geralmente, fazia isto de madrugada quando eu tinha certeza que todos dormiam.
Porém, um dia, numa das minhas visitas, eu encontrei Pablo acordado.
Minha primeira reação foi de desaparecer, mas achei injusto correr de meu filho.

E de mais a mais, eu andava me sentindo solitário ultimamente, e uma conversinha com Pablo me pareceu uma ótima idéia.
_ E ai filhão! Tudo bem contigo?

Depois que falei, senti como a frase mais idiota do mundo. Onde já se viu voltar dos mortos e dizer isto a encontrar seu filho, ainda por cima estando na forma de um fantasma. Como se você normal o que estava acontecendo.
Porém, Pablo não reagiu como eu imaginava: um filho saudoso de seu pai.

Ele reagiu como se estivesse diante de uma assombração, sua reação foi de incredulidade e rejeição diante da minha presença.
Pego de surpresa, eu atravessei correndo a parede para o quarto de Sabrina, torcendo para que esta estivesse dormindo realmente.
Me martirizando por ter me deixado ver por meu filho, eu deveria me tocar que eu estava morto e minha aparição, quando todos já tinham superado minha morte, só poderia causar confusão e mais sofrimento.
Pablo, ficou um tempo olhando a parede sem saber se ele havia sonhado ou realmente visto seu falecido pai atravessar a parede do seu quarto.
Uma coisa, eu não posso negar, covarde Pablo não era.
 Ele se reuniu de toda sua coragem e veio verificar no quarto de Sabrina se o que ele tinha visto era real? Fruto de sua imaginação? Ou sonho?
E ao ver que eu era real, sua reação foi da alegria ao panico...
 _ Ah, não!!! Não pode ser verdade... Ei... eu tô te vendo realmente ou eu estou sofrendo de uma doença mental?!?!? Você não pode ser real, você morreu há alguns meses atrás...
Achei que já estava na hora de acertar as coisas, visto que o tom de voz de Pablo estava alterado, eu tinha medo que ele pudesse acordar Sabrina, apesar dela ter sono pesado.

_ Pablo, meu filho, eu te peço perdão por ter te assustado. Era a últimas das minhas intenções de confundir tua cabeça. Sim, eu sou real e não fruto da sua imaginação. Eu estou morto e portanto, o que você está vendo é meu fantasma.
_ Pai.. é tu mesmo? Pô maneiro cara... Eu não sabia que os mortos poderiam vir nos visitar assim... Pêra ai que eu vou chamar mamãe.
Fui tomado de uma grande emoção ao ser aceito por meu filho, mas eu sabia que eu não teria muito mais tempo, eu podia sentir que logo eu iria me desintegrar. Eu ainda sou um jovem fantasma e não domino ainda completamente a arte da materialização.

_ Calma meu filho. Não acho uma boa idéia acordar todo mundo. E eu tenho que partir logo, minha materialização dura somente algum tempo e não tenho muito mais tempo.
_Mas, pai... você vai voltar mais vezes não?

Pablo estava eufórico de me ver.
Eu gostaria de assegurá-lo que eu estarei sempre presente, mas algo me impedia de fazer esta promessa.

_ Pablo, meu filho. Escute, eu não sei se eu poderei voltar e se eu puder quando será. Mas, quero que você saiba que eu estou muito orgulhoso de você meu filho, pelo trabalho de horticultura que você vem fazendo. Você fez bem de seguir esta carreira, você tem talento meu filho.
 Era a verdade, queria que meu filho sentisse orgulho de ser o homem que era.

_Mas, tem uma coisa meu filho assim como na carreira, no amor você também deveria seguir teu coração.
Em seguida, eu me desmaterializei na frente dele, sem dar tempo dele retrucar ou dizer algo mais.

Pablo ficou um tempo perplexo olhando a fumaça que eu deixei atrás de mim, sem muita certeza se o que tinha acontecido era real ou fruto da sua imaginação.
No dia seguinte, na hora do almoço do domingo. Pablo resolveu contar a Paulette e Sabrina o ocorrido da noite anterior.
Paulette reagiu com tristeza por não ter tido a oportunidade de me falar.
_ Mas, porque você não me chamou querido. Eu precisava tanto falar com teu pai.
_ Mãe, eu mal consegui falar com ele. Ele sumiu no meio de uma frase. Além do que, ele me disse que não sabe ainda muito bem se manter como fantasma muito tempo.
_ Mas, mesmo assim, você deveria ter me chamado.
Já Sabrina reagiu com incredulidade.
_ Ok, Pablo. Você quer dizer que vocês conversaram um tempão no meu quarto e eu não escutei absolutamente nada?!!?. Para mim, os fertilizantes que você usa nas suas plantas estam te fazendo ter alucinações, você deveria ir ver um médico, isto sim...

_Mas, Bina! Eu tô te falando sério. Papai esteve aqui ontem...
_ Ok, eu eu sou a presidente...Se eu não te conhecesse bem eu diria que você estava drogado. Acho bom você ir ver um médico.
Naquela noite, achei que eu deveria procurar Paulette, primeiro para que ela não se sentisse rejeitada por mim.
Segundo, para que ela não se preocupasse com Pablo achando que ele tivesse doente como Sabrina tinha sugerido.
Eu me deitei ao lado da minha amada, que levou um susto ao me ver.
 _ Frank... Frank é você meu amor? Oh, Frank....
 Escutar Paulette, encheu meu coração de amor e alegria.
Paulette me abraçou e ficamos um longo tempo um nos braços do outro.
Não dissemos nada, nem uma única palavra foi pronunciada por nós.
O momento estava repleto de emoção e tanto eu como ela não queríamos estragá-lo.
Ficamos unidos, abraçados, curtindo um ao outro por um momento que simbolizou a eternidade para ambos.
Quando eu senti que que o fim se aproximava. Eu a beijei para lhe transmitir todo o amor que eu sentia por ela.
Paulette entendeu que aquilo era uma despedida.
Nós nos olhamos olhos nos olhos de forma intensa. A gente sabia que  próxima vez que nos encontrássemos seria em outra circunstância.
Pauellete me parecia serena o que me ajudou a partir em paz.
No momento seguinte, eu me desmaterializei, deixando uma Paulette sonhadora.
Simbolizando o fim definitivo do luto de Paulette.