sexta-feira, 10 de julho de 2009

Capítulo 3 – O Jantar


Sexta à noite chegou e lá se foram meus pais jantar na casa dos Santos. Foi Marcos quem atendeu a porta.
_ Boa noite. Muito prazer, eu sou Marcos, marido da Ana e você deve ser Cecilia, não? _ Isto mesmo, e este é meu marido: André. _ Boa noite. Eu estou assistindo ao Brasileirão na TV, você gosta de futebol? _ Adoro.

Já deu para perceber que apesar de diferentes personalidades, ao menos gosto em comum Marcos e papai tinham. Marcos e papai foram direto para a TV, enquanto... _ Oi, Ana. Você está precisando de ajuda? _ Oi Ciça, não pode deixar. Esta tudo sobre controle. _ Então vou aproveitar para dar a mamadeira da Alisa, pois está quase na hora do papa dela. E se não quisermos que ela abra o beirreiro. _ Fique a vontade querida. E acho bom mesmo ela não abrir o berreiro se não nossos maridos vão nos escomungar, rsrsrs. Enquanto Ana terminava o jantar, minha mãe observava sua decoração. Minha mãe não havia notado antes quanto Ana gostava de xadrez, pois toda sua casa era xadrez vermelho e amarelo. Sinceramente o gosto da vizinha não agradava em nada minha mãe. Ana serviu ratatouille para o jantar, nem preciso dizer que foi um sucesso. Afinal, Ana é uma cozinheira de mão cheia como diria minha avó. Enquanto Ana e mamãe discutiam culinária em um canto... ... Marcos e papai discutiam esporte no outro canto. Nascia aqui um vinculo de amizade entre a família Nunes e Santos que prometia durar anos. Depois do jantar, Marcos e papai voltaram para a frente da TV (nada era capaz que quebrar a concentração dos dois) ... ... enquanto Ana e mamãe cuidavam da louça. _ Ciça, pode deixar que eu lavo depois.
_ De jeito nenhum, você fez todo este jantar sozinha com certeza precisa de ajuda. Depois de tudo pronto, elas ficaram um tempão conversando na cozinha enquanto os maridos se concentravam no jogo.
_ Você conhece muita gente na cidade? Mamãe ficou inicialmente sem reação, ela não queria falar de quem ela era filha, pois isto implicaria em milhares de expliações, sem contar que a história era longa. Mas, mamãe também não se sentia a vontade de mentir para Ana. Então ela optou por uma meia verdade.
_ Não muito, eu morei muito tempo fora. Faz em torno de dois anos que me mudei. Mas, quase não saio: com o namoro, o casamento e o nascimento da Alisa; você pode imaginar a correria que foi minha vida nos últimos anos. _ Posso sim querida. Você parece tão nova, se você não se incomoda quantos anos você tem? _ Acabei de fazer 19 anos, sei que pareço menos. Você acredita que outro dia fui a mercado e comprei algumas cervejas para o Dé e a caixa não queria me vender pois achava que eu fosse de menor? Ana riu da situação...
_ Não duvido nada!!! Eu mesma te dava uns 16, 17 anos no máximo. Mamãe também riu da situação.
_ Eu sei, sem contar de vez enquando na rua, que tem gente que acha que eu sou a babá da Alisa e não a mãe. Mas, e você Ana, faz tempo que vocês moram na cidade? _ Uns cinco anos querida, nós éramos de Sunset Valley. Mas, só morei lá no nosso primeiro ano de casamento, pois logo depois Marcos foi convidado para trabalhar no «Diário» e ele não poderia perder esta oportunidade. _ Nossa tudo isto?!? E vocês nunca pensaram em ter filhos.

Ao ver a reação de Ana, mamãe se arrependeu na mesma hora de perguntar. Ela queria que o chão se abrisse aos seus pés de tanta vergonha.
_ Oh, me desculpe Ana. Não queria te aborrecer. _ Tudo bem Ciça. Na verdade é um assunto bem delicado para mim, eu venho tentando já há alguns anos; mas sem sucesso... _ Eu sinto muito minha amiga. Mas, você ainda é nova. Tenho certeza que nossas crianças ainda vão brincar muito juntas._ Assim espero. Horas mais tarde...

_ E então Dé, o que você achou dos nossos vizinhos?_ Olha, fofucha, tenho que ser sincero. A hora que eu vi aquele mauricinho saindo de casa pensei a noite vai ser longa. Mas, o cara é o maior gente boa. Sabe tudo de esportes e as vezes ele cobre alguns eventos esportivos. Até me convidou para ir com ele assistir à final de futebol no estádio com ele semana que vem. E olha que é na área VIP. _ Ah, amor! Fico feliz, pois eu também adoro a Ana. Ela também me convidou para sair com ela sábado que vem, se você puder ficar algumas horas com a Alisa. Ela deve se apresentar no parque, ela toca violão.

Mamãe aproveitou que papai estava de bom humor para pedir, pois sabia como era dificil ele aceitar ficar só com Alisa. _ Claro fofucha!!!... É tão bom vê-la com este sorriso no rosto novamente. Estava te achando tão abatida estes últimos dias. Por um momento mamãe quase contou ao papai sobre a gravidez, mas achou melhor não estragar o momento. Ela não estava muito certa de como papai receberia a noticia ainda mais com todas as dividas que eles tinham.
_ Eu estou bem amor, é só cansaço; afinal a mudança, mais as cólicas noturnas da Alisa que não me deixam dormir. _ Eu sei minha fofucha. Mas, vamos esquecer estes assuntos agora que o papai aqui tem uma idéa melhor. _ Verdade?!? E eu posso saber que idéias são estas?!? _ Eu estava pensando em fazer misérias com você, o que você me diz?!? _ Um deixa eu ver!!!! Acho que sou eu que vou fazer misérias com você. E assim mais uma noite de oba-oba começava deste lado da parede... ... enquanto do outro lado.

_ Então querido, o que você achou dos nossos vizinhos? _ Querida tenho que ser sincero, que quando eu abri a porta e vi aquele armário parado na frente da nossa casa pensei: «O que eu vou conversar com este cara bombado?!?» Mas, sinceramente, ele é muito gente boa. Até convidei-o para vir ao estádio semana que vem comigo, assitir as finais. _ Ah, querido; fico tão feliz! Pois eu gosto muito da Ciça. Eu também convidei-a para vir assistir minha apresentação no parque no dia que você vai estar de plantão no jornal. _ Perfeito querida. Por falar em Ciça tenho impressão que há conheço de algum lugar, só não consigo me lembrar de onde. _ Eu tive a mesma impressão querido, desde a primeira vez que eu há vi. Só que aparentemente é só impressão, pois ela diz que está a pouco tempo na cidade e não chegou a conhecer muita gente. Pelo visto casou logo de cara e com a gravidez e tudo mais... _ Mas, agora o que você acha minha coelhinha de esquecermos de nossos vizinhos um pouco? _ No que você está pensando meu lobão? _ Hum, eu estou pesando em fazer misérias com minha coelhinha. O que você me diz?!? _ Uau!!!! E assim começava um oba-oba deste lado da parede também.

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